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26 julho 2007

As Built. As Possible.

Fala-se tanto sobre o glamour de ser arquiteto - uma das profissões preferidas de Hollywood para um personagem que encontra um controle remoto mágico, por exemplo - mas estou certo de que os arquitetos sabem que não é bem assim. Olhemos o "As Built". O As Built não deixa duvida a respeito de que tipo de trabalho é arquitetura. Pequenos projetos não comportam hoje em dia terceirizações extravagantes como um táxi ou um café espresso, por exemplo; contratar alguém para fazer o levantamento métrico então é equivalente a pagar alguém só para dar trim nos seus desenhos. Sim, é meio chocante para o cliente ver aquela pessoa que outro dia estava toda arrumada sentada a sua frente assinando um contrato de projeto se esticando para fora de uma escada balançando enquanto grita para seu ajudante do outro lado do telhado "deu?? deu aí?!?" Chocante mas real. Se o glamour resiste a esta cena, se resiste ao arquiteto-estagiário-de-si-mesmo, então ok, arquitetura é uma profissão glamourosa. Mas pra mim, não importa até onde um arquiteto pode chegar, pode projetar uma cidade inteira ou dar palestras na ONU sobre o futuro da humanidade; arquitetura vai continuar sendo aquela profissão onde você eventualmente passa o dia se contorcendo em um banquinho com os braços abertos sobre a cabeça, tentando tirar uma medida que você sabe que não adianta muito ter, afinal está tudo fora do eixo, e você só está mesmo ali pela diversão perversa de olhar, na cara estarrecida do cliente, até que ponto você pode chegar como ser humano. Terça-feira, Agosto 15, 2006

Texto extraído do blog (www.architecture.blogger.com.br)